quarta-feira, 17 de julho de 2013

Oui, Capitaine!
 
 
 
As ondas eram enormes, as gotas d’água acertavam meu corpo como se fossem navalhas, o vento uivava de tão forte e fez com que as velas se rasgassem, o barco não tinha mais direção. Aquela tempestade, juntamente com um mar em fúria, me impedia de ir adiante e por mais que eu remasse não conseguia ir contra a força monstruosa daquelas águas. Eu estava sozinho naquele barco e a tempestade era mais forte que eu. Não podia contra ela, contra o mar e os ventos fortes. Parecia não haver saída, o barco ia naufragar. O medo já era tão palpável que eu podia senti-lo percorrendo cada canto do barco e por vezes parecia estar sentado ao meu lado, zombando de mim. E assim eu me rendi. Não tinha como escapar. O barco ia afundar, eu já aceitava isso e das duas uma, ou eu ficava a deriva ou me afogaria. Fui em direção ao leme, fechei meus olhos e esperei  a hora derradeira, o momento em que a onda mais forte viesse, acompanhada do vento mais sombrio e acabasse com tudo, comigo, com meus sonhos, com minha vida. De olhos fechados eu esperava isso, mas pro meu espanto, como um milagre, comecei a sentir que as águas se acalmavam e o barco já não era jogado com tanta força de um lado a outro, aquelas gotas d’água que acertavam meu corpo com tanta violência não me traziam mais aquela dor. Aquele vento forte começou a se tornar uma leve brisa, que enchia meus pulmões de esperança novamente. Eu estava sem entender, por um momento pensei ser minha imaginação me pregando algum tipo de peça, me iludindo. Eu hesitava em abrir os olhos para ver o que, de fato, acontecia. Mas de repente tudo cessou. A tempestade, os ventos, o mar se acalmou e eu senti que não estava mais sozinho. Mesmo sem entender o que estava acontecendo fui abrindo os olhos devagar. Podia sentir a luz do sol tocar minhas pupilas, fazendo-as dilatar, até finalmente estar de olhos completamente abertos e ser tomado por uma paz imensa. Eu olhava de um lado para o outro, procurando de onde poderia vir aquela paz, buscando entender o que havia acontecido, quando de repente ouço uma voz. Tinha alguém dentro do barco comigo, mas, como?  Senti certo arrepio que logo se tornou medo. Novamente ouvi uma voz e dessa vez consegui compreende-la...



 

- Não tenha medo, sou Eu.
- Você? Mas, quem?
- O seu Capitão.


Foi nesse momento que eu pude compreender tudo. Em meio aquela tempestade, àquele tormento, no mais intimo do meu coração eu buscava por algo que me desse força e que me ajudasse. Buscava por um Capitão para o meu barco. Mas quando a tempestade se agravou, que o vento rasgou a vela e o mar parecia querer me tragar, nesse momento deixei o medo tomar conta de mim. Porém no momento em que vi que não podia fazer mais nada, que sozinho eu não poderia enfrentar aquele tempestade, o Capitão apareceu e acalmou o mar e os ventos, a tempestade cessou e veio a calmaria. 

Com o Capitão no meu barco pude seguir em frente, continuar minha jornada e navegar novamente. As tempestades podem não parar, os ventos fortes podem rasgar novamente a vela do meu barco, mas agora sei que tenho um Capitão que me guia, que não deixa meu barco afundar. 

Agora mesmo em meio a tempestades velejo tranquilo. No meu barco tem um Capitão!


Por Pedro Fleury

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