Existem mentiras camufladas em verdade. |
Viver era correr riscos, ser livre pra fazer o que bem quisesse, pensava eu. Não apenas pensava, eu vivia assim. Fazia tudo o que eu queria, sem pensar nas conseqüências. Afinal, quem fazia meu destino, que decidia (ou melhor, sabia) o rumo da minha vida era eu. Foram muitos anos vivendo assim, guiado por uma verdade que eu mesmo criei e protocolei como absoluta. De fato, conquistei muita coisa vivendo assim. Riquezas, glória, reconhecimento e admiração. No entanto, cada vez mais que alcançava esses adjetivos, esses “títulos”, que eu julgava ser essencial, mais eu me sentia vazio. A cada dia passado esse vazio só aumentava. Eu não entendia o porquê disso. Tudo o que eu quis um dia eu tinha. Dinheiro, amigos, mulheres, reconhecimento, glória. Essa era a verdade que eu tanto cri e lutei pra conquistar! E agora isso me deixava mal? Me consumia e me enchia de um vazio tão frio e escuro? Honestamente, eu estava perdido e cego em meio à multidão de pensamentos, verdades e pessoas. Tudo o que eu implantei como verdade em minha vida, naquele momento não fazia mais sentido. Eu estava desmoronando. Caindo num abismo que eu criei com as verdades que formulei.
Em meio a tudo e todos eu não queria mais viver, não tinha mais graça. As festas, os carros, as noitadas regradas a sexo e drogas, nada, nada mais tinha sentido e só me afundava mais. Minha vontade era de ficar só e assim comecei a me isolar de tudo. Perdi amigos (que mostraram não serem realmente amigos), perdi meus “sonhos”, minha dignidade, perdi a mim mesmo. Tudo o que conquistei anteriormente não fazia mais sentido e não me saciava mais como antes. Pelo contrário, apenas me tragava, me consumia.
Não havia mais saída pra mim. Eu decidi então que era hora de partir (como se essa decisão coubesse a mim), e mais uma vez me guiei por verdades criadas por eu mesmo. Parecia que eu não havia aprendido nada, de novo eu cometia o mesmo erro. Crer que eu sabia o que era certo e bom pra mim. Acreditar que somente eu tinha o poder de decidir a hora e o momento de tudo acontecer. Estava realmente decidido a acabar com todo aquele sofrimento e vazio. Eu não aguentava mais, doía tanto, meu coração eu não o sentia mais bater em meu peito. Meu sangue havia congelado em minhas veias e não havia nada mais que pudesse aquecê-lo. Era o fim, a minha hora era aquela. E de fato, a minha hora era aquela! Mas, não como eu pensei, queria ou o que seja que passou pela minha mente. Mais uma vez a minha verdade se desmantelou, caiu por terra.
Uma luz tão intensa veio em minha direção, cada vez mais perto. E assim eu comecei a sentir um misto de alegria, paz e amor. Sentimentos que eu não lembrava mais existir e que naquele momento eu não tinha ideia de onde vinham. Mas, eu queria mais! Era magnífico! A dor, a tristeza, a solidão, tudo estava desaparecendo. Meu coração, ah eu podia sentir palpitando novamente! O sangue em minhas veias corria calorosamente! Aquela luz ardia em mim, mas não causava dor. Pelo contrario, me confortava. As escamas caíram dos meus olhos, eu começava a ver e entender que as verdades que eu impunha a mim não passavam de meras ilusões. Eu comecei a enxergar realmente. Eu era cego e cego me guiava. No entanto, aquela luz, Ele, tocou em meus olhos e eu pude vê-lo. Pude enxergar a VERDADE.
Às vezes achamos que enxergamos com perfeição, que nossos olhos vêem apenas verdades. Sim, tem certo sentido isso. Porém nem tudo que vemos ou que se diz ser verdade é realmente verdade. A única verdade imutável e absoluta é Cristo Jesus! É n’Ele, por Ele e através d’Ele que podemos enxergar através das falsas verdades pregadas pelo mundo. Não adianta usar óculos, lentes de contato, lupas ou microscópios. A melhor forma de enxergar com clareza e nitidez é através dos olhos de Cristo. E pra isso temos que estar n’Ele e Ele em nós.
"Eu sou o caminho, e a verdade e a vida(...)"
João 14:6
Por Pedro Fleury
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